Salão das Desclassificadas

É uma exposição de arte edificada em comentários irônicos sobre o contexto da arte, sua existência, suas dificuldades e seus editais de seleção/exclusão. Reúne, em sua maior parte, trabalhos com frases que explicariam o porquê das obras não estarem na exposição, simulando rejeições decorrentes de um fictício edital, de um também fictício salão.

São 24 obras, sendo 19 inéditas produzidas em 2023, a maioria de pequenas dimensões, confeccionadas em diversos materiais – aço carbono, aço inox, acrílico, bordado, bronze, cerâmica, concreto, granito, letreiro LED, madeira, metal esmaltado, entre outros.

artista

Graduado em Artes Visuais (UFRGS/2008). Sua exposição individual mais recente foi Infantovandalismos (2021), realizada na Gestual, galeria com a qual trabalha desde 2009, e onde apresentou também as exposições individuais Pós-Drama (2017) e Conjecturas (2012), esta indicada ao VI Prêmio Açorianos de Artes Plásticas / Destaque em Escultura, prêmio ao qual foi indicado também nas edições XV (categoria Prêmio de Residência Artística no Ateliê de Gravura da Fundação Iberê), IV (exposição Arte como Questão, por ocasião do X Concurso de Artes Plásticas do Goethe-Institut) e III (exposição Playground, na antiga Galeria Iberê Camargo do Gasômetro, Porto Alegre/RS). Produz e expõe desde 2004, destacando-se as participações nas mostras: Nova Escultura Brasileira (Caixa Cultural Rio de Janeiro/2011); Labirintos da Iconografia (MARGS/2011); TATATA (Fundação Ecarta/2012); 18º e 23º Salão de Artes Câmara Municipal (Porto Alegre/RS); 18º e 20º Salão Jovem Artista; 39º Salão de Arte Luiz Sacilotto (Santo André/SP); 2° Salão Fundarte/Sesc de Arte 10×10 (Montenegro/RS); 15° Salão UNAMA de Pequenos Formatos (Belém/PA); 13° Salão dos Novos (Joinville/SC); 6° Salão Nacional de Arte (Jataí/GO). Possui obras nas seguintes coleções: MARGS (Peça 3, da série Passatempos Ocasionais); MAC-RS (Carrossel de Inverno; Diversão sem fim; Peça 1 e Peça 2, da série Passatempos Ocasionais; Trilogia da Alegria – Happy Hour (backlight)); Museu de Arte Contemporânea, Jataí, GO (Pose 1); Coleção Calmon-Stock (tríptico Capas de livros não escritos; Ginasta; tríptico Metapaisagem; Minimonumento; Obra Comercializada; Ovo de Lascaux; Spiroball). No teatro fez o cenário de três espetáculos da vai!ciadeteatro: “Cara a Tapa” (Melhor Cenografia no Prêmio Açorianos de Teatro 2012), “Parasitas” e “Agora Eu Era”.

texto curatoria

Não bastando as dificuldades previsíveis que afligem o início da carreira, como a busca por lugares para mostrar o seu trabalho, ao artista cabe lidar também com as dificuldades esculpidas pelo acaso. Exemplo disso são os acidentes ocorridos durante o transporte de uma obra ao seu local de exposição. Pensando nisso criei o trabalho “Obra danificada no transporte não restaurada em tempo hábil”, em 2011, como reflexão irônica a respeito do edital ao qual o submeti. Atribuí o estatuto de obra de arte à placa que informava um suposto extravio. O item do edital ditava: Obras que eventualmente tenham sido danificadas durante o transporte para o Salão, só serão expostas se houver tempo hábil para o seu restauro, que deverá ser efetuado pelo/a artista. O aviso que explicava o ocorrido era a própria obra. Sua característica perene (confeccionado em bronze), não condizente com a natureza efêmera de um simples comunicado, oferecia a resistência necessária para enfrentar as intempéries, solavancos e impactos de qualquer transporte.

“Obra danificada no transporte não restaurada em tempo hábil” foi o ponto de partida de minha proposta.

Propus uma exposição individual, de minha autoria e curadoria, composta por 24 obras – incluindo a citada acima – criadas a partir de comentários irônicos sobre o contexto da arte, sua existência e seus editais de seleção/exclusão.

O título da mostra é “Salão das Desclassificadas”. Reúne, em sua maior parte, trabalhos com frases que explicariam o porquê das obras não estarem na exposição, simulando rejeições decorrentes de um fictício edital de um também fictício salão.

Placas meramente informativas, mas com pretensão de objeto de arte. O que começou como provocação para contornar dificuldades de transporte, que é o caso da “Obra danificada…”, tornou-se impulso criativo para a produção das demais obras. As frases, em sua maioria, foram retiradas de editais de seleção. No processo de escolha, deparei-me com intrigante edital que anunciava a desclassificação de obras que contivessem assinatura, marca ou dado que identificasse sua autoria. A lógica da lisura no processo seletivo é compreensível, porém soa paradoxal que o trabalho do artista não possa identificá-lo. Inquietado por essas regras, produzi 17 das obras ora apresentadas. As outras 7, apesar de apontarem para caminhos diversos, contextualizam a narrativa.

abertura
19 de julho de 2023, 19h

visitação
Até 20 de agosto de 2023, de terças a domingo, das 10h às 18h, inclusive feriados, com entrada franca.

local
Fundação Ecarta (Avenida João Pessoa, 943, Porto Alegre).